quarta-feira, 5 de abril de 2017

16 casos suspeitos de febre amarela estão sendo investigados na Bahia

Adilson Fonsêca - A informação é da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab). Eles foram detectados em oito municípios, nenhum deles em Salvador. Os municípios sob investigações são: Coribe (4), Feira de Santana (1), Ilhéus (1); Itamaraju (2), Itiúba (1), Mucuri (1), Nova Viçosa (1), Teixeira de Freitas (3).
Dois casos com pessoas residentes no estado de Alagoas (que passaram por vários locais na Bahia) estão sendo investigados e do total de notificações no Estado, sete casos foram descartados laboratorialmente nas cidades de Coribe (4), Mucur (1) e Teixeira de Freitas ( 2), e nove outros casos permanecem em investigação, aguardando resultados laboratoriais.

A Sesab esclareceu ainda que até o último dia 28, foram notificados 104 casos suspeitos da febre amarela em macacos em todo o Estado, espalhados em 42municípios. Ao todo foram encaminhadas 51 amostras dos animais em condições de análise para o Lacen. Destes, três exames confirmaram a doença, nos municípios de Alagoinhas, Nova Viçosa e Salvador (bairro Vila Laura).
Até ontem, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, de 93 municípios estão vacinando contra a febre amarela, atendendo a recomendação do Ministério da Saúde para as áreas consideradas propensas ao surto da doença. Antes dos casos suspeitos da doença começar em a se alastrar, a Bahia já tinha 45 municípios sob recomendação de vacina, porque nele foram encontrados macacos mortes supostamente causados pela presença do mosquito transmissor da doença.
Depois entraram mais 35 e agora mais 13, que tiveram morte de macacos. totalizando 93 municípios. O restante do estado, ou seja, os 324 municípios restantes , continuam com o processo de vacinação recomendado apenas para crianças e viajantes para área de risco. Nos 93 municípios já foram 663.453 pessoas. Já em Salvador, onde seis casos suspeitos da doença em macacos mortos notificados, mais de 100 mil doses da vacina já foram aplicadas desde a última quainta-feira.
Vacinação
Além das 100 mil doses já aplicadas na população de Salvador, outras 400 mil doses, de um total previsto de dois milhões, deverão chegar à capital nos próximos dias. Ao todo, a Secretaria Municipal da Saúde (ISMS) distribuiu as vacinas por 25 postos de saúde na cidade.
Desde a última quinta-feira, após a confirmação do primeiro caso de febre amarela em macacos, a SMS implementou uma série de medidas para garantir o acesso da população à imunização contra a doença, principalmente nas áreas do Subúrbio Ferroviário, Barra/Rio Vermelho e Brotas, locais onde foram confirmados três casos da doença no animal.
A vacina contra a febre amarela é realizada em duas etapas. Crianças devem receber a vacina aos nove meses e novamente aos quatro anos, garantindo assim proteção para toda a vida. Aqueles que não tomaram a vacina na infância devem receber a primeira dose imediatamente, e o reforço dez anos depois da primeira aplicação. A vacina, no entanto, é contra indicada para menores de seis meses, idosos com mais de 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas.
Os micos de Salvador
No terreno do antigo Cajazeiras Golf Clube, na entrada do bairro de Castelo Branco, periferia de Salvador, bandos de micos costumam atravessar os dois lados da pista, numa rotina que se repete sempre no início da manhã e final de tarde. As pessoas que ficam próximas aos pontos de ônibus se assustam e algumas jogam pedras, espantando os animais.
O medo e a desinformação sobre as formas de contágio da febre amarela tem transformado os pequenos macacos (micos) em vilões da doença. Nos últimos meses, vários deles foram levados ao centro de recolhimento do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – no bairro do Cabula, vítimas de maus tratos por parte da população ainda desinformada sobre as reais causas de transmissão da doença.
No centro de atendimento do Ibama, 32 animais foram recolhidos em pouco mais de um mês, número 50% maior que em igual período do ano passado, muitos deles apresentando debilidade física, machucados. Destes 20 estão em observação, por apresentarem sinais de agressões, e outros 12 tiveram amostras de sangue encaminhadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen) por estarem com sintomas suspeitos da febre amarela. Em Salvador, as espécies de macacos mais comuns são os micos de tufo branco e preto, o macaco prego e os micos de Cheiro e de Brejo.

“Os macacos, na verdade, são vítimas e ao mesmo tempo um alerta aos homens sobre a presença do mosquito (Aedes aegypti)”, adverte a médica veterinária do Ibama em Salvador, Fernanda de Azevedo Libório. Segundo disse, os animais são mais sensíveis que os homens aos efeitos do mosquito transmissor da doença, e por isso mesmo funcionam como numa espécie de vigilância sobre a presença do Aedes aegypit na região “Não devem ser capturados e criados em residências”, diz, lembrando que não só a febre amarela, mas outras doenças, como a raiva, podem ter contaminado o animal. “Contudo, ele não é o transmissor da febre amarela”, adverte.
No zoo
No Jardim Zoológico de Salvador, no bairro de Ondina, 240 macacos de diversas espécies foram estão em ambientes protegidos por telas para evitar a presença do mosquito transmissor da febre amarela. Já os funcionários estão sendo orientados a se vacinarem. O local é cercado por mata fechada, onde além dos animais em cativeiro, muitos deles se transitam livremente pela área.
Conforme explicou o veterinário do Zoológico de Salvador, Victor Curvelo, os macacos são hospedeiros do mosquito e não o propagador da doença. E as telas de proteção colocadas nos espaços onde eles vivem confinados, são medidas preventivas, uma vez que não existem vacinas para os animais. Segundo Curvelo, a morte dos animais serve como alerta para os homens sobre a presença do mosquito transmissor. Outra medida que vai ser adotada pela administração do zoológico será a borrifação da área onde ficam os animais.
A febre amarela tem duas formas de transmissão: a silvestre e a urbana. Os casos que estão sendo registrados no país estão relacionados à forma silvestre. Na Bahia, o último caso de febre amarela urbana aconteceu na década de 1940 do século passado. Na forma silvestre, a doença se dá em áreas próximas a matas fechadas. Os transmissores são os mosquitos Haemagogus ou Sabethes. Quando os mosquitos picam um macaco doente, eles se tornam capazes de transmitir o vírus a outros macacos e ao homem.
Segundo a Secretaria de Saúde de Salvador, até a última segunda-feira, 37 amostras coletadas em macacos com casos suspeitos da doença foram capturados para análise no Labortatório Centreal do Estado. Destas, seis foram confirmados nos bairros de Vila Laura, São Tomé de Paripe, Itaigara e Ilha Amarela. A secretaria não confirmou se todos os animais infectados estavam mortos. Nenhum caso da doença foi confirmado em humanos.
Também segundo a Sesab, até o dia 28 de março, foram notificados 104 casos suspeitos da doença em macacos, em 42 municípios do Estado. Foram encaminhadas 51 amostras dos animais em condições de análise para o Lacen. Dos casos analisados nos animais, 23 foram positivos para febre amarela Silvestre, nos municípios de Alagoinhas, Camaçari, Catu, Cordeiros, Feira de Santana, Ituberá, Nova Viçosa, Ouriçangas, Pedrão, Salvador, Santa Rita de Cássia, São Felipe e São Miguel das Matas.

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