sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Médicos investigam associação do Zika com casos de hidrocefalia

A neurologista infantil Vanessa Van der Linden observa um raio-x de um bebê com microcefalia - UESLEI MARCELINO / REUTERS
POR RENATA MARIZ - BRASÍLIA (O GLOBO) — O vírus zika, apontado como possível causador de casos de microcefalia no Brasil, pode estar relacionado também à hidrocefalia. A hipótese foi levantada após dois bebês com a malformação congênita, que vêm sendo acompanhados por uma equipe de especialistas do Recife, apresentarem a doença, que se caracteriza por um acúmulo do líquido no cérebro, o que eleva a pressão intracraniana.
Uma das crianças, de apenas 3 meses, passou por cirurgia de emergência na última quinta-feira, e recebeu uma válvula que drena o líquido da cabeça. A hidrocefalia no bebê intrigou a equipe médica por ser algo absolutamente incomum, segundo Vanessa Van Der Linden, neuropediatra que acompanha a criança desde o nascimento:
— Não é usual, nos quadros de infecção congênita, ter a microcefalia, com alterações do desenvolvimento, para depois evoluir para hidrocefalia. Serve como alerta. Agora precisaremos investigar para entender qual mecanismo desencadeou a hidrocefalia — diz Vanessa.
A Secretaria de Saúde de Pernambuco ressaltou, em nota, ser “precoce fazer qualquer tipo de avaliação antes de investigação completa dos dois casos”. O Ministério da Saúde afirmou que esses não são os primeiros casos relatados e que, até o momento, não há evidência de relação com o zika. Mas informou que todos ainda estão sob investigação.
Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde e pesquisador colaborador da Fiocruz em Pernambuco, é mais enfático ao apontar a hidrocefalia como uma provável nova faceta dos problemas decorrentes da infecção pelo zika.
— Foi demonstrado aqui em Pernambuco que existem alterações osteomusculares, oculares e outras que tendem a acontecer numa frequência menor, mas que podem acontecer. Inclusive a hidrocefalia, que tem sido relatada por alguns médicos — disse Brito.
Mas Brito destacou que ainda existe longo caminho para uma análise definitiva dos resultados de exames nos bebês.

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