sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Próxima crise financeira será a maior da história, diz autor de best-seller americano

Você já se perguntou quando será a próxima crise? Possivelmente dentro de apenas dois anos com o "esperado colapso do sistema monetário internacional". Esse é o subtítulo não muito sutil do livro de Jim Rickards, "The Death of Money" ["A Morte do Dinheiro"], lançado neste ano. Conforme você pode intuir, o gestor de recursos do West Shore Group, também autor do best-seller "Guerra das Moedas", não acredita que os investidores terão um caminho tranquilo pela frente. Pense em 2008, mas pior.
A reportagem conversou com Rickards sobre o quanto deveríamos confiar nos números que estão em nossas contas bancárias. Ao longo de sua carreira, o gestor ocupou altos cargos em instituições como Citibank, Long Term Capital Management (LTCM) e Caxton Associates, e foi o principal negociador do resgate do LTCM patrocinado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
A entrevista é de Chris Taylor, publicada pelo jornal Valor.
Eis a entrevista.
A maioria das pessoas assume que o dinheiro que elas têm em suas carteiras está a salvo e seguro. Mas está mesmo?
Não e por duas razões. Primeiro, conforme vimos na década de 70, quando tivemos um período de inflação alta, o valor do dólar foi cortado pela metade em apenas cinco anos. Portanto, isso pode acontecer muito rapidamente. A segunda vulnerabilidade é que o dólar é na verdade uma moeda digital. As pessoas chamam o Bitcoin disso, mas o dólar também é. Hoje em dia, uma porcentagem enorme de transações é digital, a começar pelos trilhões de dólares do mercado de títulos do Tesouro americano. A última vez que as pessoas tiveram bônus de papel de verdade em cofres de bancos foi na década de 70. Antigamente, o governo tinha meios de parar totalmente as coisas em períodos de crise, como decretar feriados bancários ou fechar bolsas de valores. Com a moeda digital, poderemos ficar muito vulneráveis durante o próximo pânico financeiro.
Seu livro é intitulado "The Death of Money". O que isso significa para o senhor?
Significa uma possível perda de confiança. Sempre haverá algum tipo de dinheiro no mundo, seja Bitcoins ou conchas de mariscos. Qualquer coisa pode ser dinheiro, contanto que as pessoas tenham confiança nela. Mas no momento em que a confiança é perdida, essa coisa deixa de funcionar como dinheiro. E uma vez perdida a confiança, é muito difícil reconquistá-la. Dinheiro é dinheiro até o momento que deixa de ser. Portanto, a verdadeira questão é: quais dinâmicas estão em ação que podem levar as pessoas a perder a confiança no dólar? É por isso que quando o Federal Reserveimprime dinheiro para estimular a economia ele está jogando um jogo perigoso.
A que prazo estamos nos referindo para uma possível perda de confiança no dólar?
Muita gente está concentrada no único floco de neve que provoca a avalanche. Essas pessoas querem saber quando vai acontecer e como será. É claro que eu não sei isso mais do que qualquer pessoa. Mas você pode estar certo de que será uma avalanche. Outra boa metáfora é o terremoto. Dia desses estive na falha de San Andreas e nada se mexia. Isso não significa que tudo está estável; é apenas uma questão de tempo. É nisso que acredito em relação ao sistema financeiro. Eu diria que é questão de uns dois anos [até uma grande crise], e não de dez anos ou mais.
E qual será o tamanho da próxima crise, em sua opinião?
O próximo pânico financeiro será o maior da história. Estive envolvido no caso do [fundo hedge] Long Term Capital Management, como conselheiro-geral - e mesmo na época estávamos a horas de derrubar todos os mercados do mundo. Naquela época, Wall Street socorreu um hegde fund. Vamos avançar rapidamente para 2008 e desta vez foi o Fed que socorreu Wall Street. Cada socorro financeiro é maior que o anterior. Quando o próximo pânico acontecer, ele será maior que o Fed. E aí o que vamos fazer? Continuar imprimindo trilhões de dólares?
Então, como resultado disso, o que os pequenos investidores precisam fazer?
Eu aconselharia essas pessoas a olharem para o que Warren Buffett está fazendo. Em um de seus negócios mais recentes, ele comprou uma rodovia - um ativo com valor intrínseco que ganha dinheiro transportando outros ativos com valores intrínsecos, como carvão e trigo. É claro que os pequenos investidores não podem comprar ferrovias, mas podem investir com o mesmo espírito e procurar ativos fixos ou imobilizados. Você pode comprar ouro, obras de arte ou ações com foco em energia, transporte, recursos naturais, água e agricultura. Uma carteira dessas vai ajudar a preservar seu patrimônio no cenário atual.
Onde o próximo pânico poderá começar?
Ele poderá começar em muitos lugares diferentes. Mas um lugar para se ficar de olho é a China, que está à beira de um grande colapso no mercado de crédito. Esse poderá ser o floco de neve que vai começar a avalanche global.

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