terça-feira, 12 de agosto de 2014

Vírus Ebola, emergência global e negócios das indústrias farmacêuticas com os EUA



“O ebola impulsiona as ações das indústrias farmacêuticas na Bolsa”, essa foi a manchete de notícias de dias atrás, ao se referir a Tekmira Pharmaceuticals, uma empresa canadense que trabalha em um medicamento contra o vírus, com o financiamento do Departamento de Defesa dos EUA. O ebola já matou, ao longo desse ano, mais de 900 pessoas na África Ocidental, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou na sexta-feira “estado de emergência da saúde a nível internacional”.
De acordo com o órgão, os mortos por causa do ebola subiram para 961; enquanto os casos de doentes, prováveis e suspeitas já ultrapassam os 1.700. O surto se concentrou na África Ocidental: Serra Leoa, com 717 casos; Libéria, 554; Guiné, 495 infectados e ao menos 13 na Nigéria.
O atual surto começou em dezembro do ano passado na Guiné, acentuou-se em março e se expande com uma rapidez atípica, de acordo com a OMS. Logo surgiu uma possível explicação: “seus sistemas de saúde (dos países com epidemia) são frágeis e têm graves deficiências em recursos humanos, econômicos e materiais”.
Na sexta-feira, o órgão declarou estado de emergência internacional de saúde: “constitui um evento extraordinário e representa um risco para a saúde pública de outros Estados”, indicaram no relatório.
O ebola é um dos vírus mais letais para o ser humano, com uma taxa de mortalidade entre 25 e 90%, devido as grandes hemorragias internas e externas que provoca. Os sintomas iniciais são febre, dor de cabeça, dor muscular, diarreia e erupções cutâneas.
O nome do vírus remete ao rio homônimo na República Democrática do Congo, onde ele foi detectado pela primeira vez em 1976. Desde então, surgiram diferentes surtos epidêmicos no Sudão, Kuwait, Gabão e Uganda: desde o primeiro caso na década de 70 até 2012, faleceram em decorrência do vírus 1.590 pessoas, de 2.387 infectados – índice de 66,6% de mortalidade.
Ainda não há cura, apenas medidas preventivas para evitar o contágio ou propagação que se da de maneira rápida através do contato direto com o sangue, os líquidos orgânicos – como saliva, suor, vômito - ou tecidos dos infectados, mesmo depois de que os infectados já tenham falecido.
Tekmira e o Pentágono
Tekmira Pharmaceutical é uma das corporações farmacêuticas que está trabalhando em um antiviral, para o qual há um contrato de 140 milhões de dólares com o Departamento de Defesa dos EUA para desenvolver esses medicamentos, como informou o Global Research. Recebia, inclusive, financiamento da transnacional Monsanto, empresa dedicada aos agronegócios.
“O ebola impulsiona a indústria farmacêutica na Bolsa”, destacou a CNN em espanhol no dia 04 de agosto ao se referir as ações da canadense Tekmira que cresceram em 40%. “Os investidores esperam que o governo aprove o uso do medicamento contra o vírus”, assinalou o canal de notícias.
De acordo com esse artigo, a companhia poderia ganhar em 2017 mais de 100 milhões de dólares pelo remédio TKM-ebola que desenvolve junto ao Departamento de Sistemas de Biodefesa e Contra-ataque Médico Terapêutico dos Estados Unidos (MCS-BDTX).
Por sua vez, dias atrás a rede CNN anunciou que o governo estadunidense estaria aprovando um tratamento para curar a infecção: “o medicamento era desenvolvido pela companhia biotecnológica com sede em São Diego, EUA, chamada Mapp Biopharmaceutica, cuja equipe cientifica trabalha com o exercito estadunidense no Fort Detrick”, detalhou a jornalista do RT, Karen Méndez.
O Fort Detrick é um centro de pesquisa biológica e de desenvolvimento de armas químicas, acusados de inocular vírus como o HIV, Ebola, peste bubônica, o antraz e vírus do Nilo Ocidental, acrescentou RT. O governo dos Estados Unidos foi denunciado por numerosos casos de “bioterrorismo”: na Guatemala, Porto Rico, Cuba e Coréia do Norte, entre outros.
Paralelamente, há outras corporações químicas que se somam na escolada por uma cura: Sarepta, BioCryst,Fujifilm Holdings ou Dyferos.
Nesse marco, o Departamento de Defesa dos EUA enviou representantes aos países da África Ocidental através doCentro de Controle de Doenças Infecciosas (CDC) e anunciou que os laboratórios de seu país estavam lutando para “controlar o flagelo”.
“Temos uma longa história na África através do Pentágono, tanto em apoio logístico como no manejo clínico do vírus”, argumentou o doutor de coronel do Exército, James Cummings, que dirige o Global Emerging Infections Surveillance and Response System (GEIS), órgão das Forças Armadas.

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