quarta-feira, 14 de maio de 2014

A arte de reciclar para decorar é a marca da MEI de Ilhéus

Especialista em utilizar material reciclável e transformá-lo em arte, Suca Moreira produz garrafas e caixas artesanais decorativas. Integrante do movimento que trabalha para transformar o bairro do Pontal, em Ilhéus, no primeiro Bairro Criativo do interior do estado, ela começou a pintar telas há mais de 20 anos. “Sempre achei que me identificava somente com a pintura em tela. Mas, uma certa época, resolvi diversificar e fiz uma exposição intitulada ´Lugares e Objetos´, onde expus telas e cerâmicas pintadas e texturizadas. Foi um sucesso”, lembra.
Mas a produção da artista, que vinha a todo vapor, terminou sofrendo uma brusca interrupção, quando não pôde manipular tintas durante o tratamento de quimioterapia e radioterapia contra um câncer na mama. Suca não desanimou e, vencida a luta contra a doença, o amor pela arte foi retomado. “Lembro o dia que tive alta médica. Sentei em frente ao meu cavalete com uma tela branca e só parei quando a obra estava concluída. De lá pra cá, pratico Arteterapia e ampliei minhas técnicas, pesquisando e agregando mais produtos artísticos ao meu trabalho”.
Hoje, além de telas, garrafas recicladas, produtos de MDF, caixas e outros objetos de decoração, Suca Moreira faz pátina em móveis e ministra cursos de Arteterapia para alunos e professores da rede pública. Para profissionalizar a sua atividade, tornou-se Microempreendedora Individual (MEI) em março de 2012 e transformou o seu talento em um bom negócio. Desde então, participou de cursos de design e embalagem e vitrines, promovidos pelo Sebrae.
Na mais recente edição do Aleluia Ilhéus Festival, realizada durante a Semana Santa, e na 3ª edição da Feira Criativa do Pontal, ocorrida nos dias 10 e 11 de maio, suas vendas chamaram a atenção. “O interessante está nas alternativas que estes eventos podem proporcionar ao artesanato local. No Aleluia, vendi mais as garrafas. Já no final de semana, talvez estimulado pelas comemorações do Dia das Mães, as caixas foram um sucesso, uma atração à parte”, comemora.
Na edição da Feira Criativa do Pontal, foram 34 participantes, das áreas do artesanato e da gastronomia. Como explica a gestora do Projeto de Economia Criativa do Sebrae Ilhéus, Cláudia Iglesias, a entidade ajudou no projeto da iniciativa em 2013 e, agora, é possível perceber como os empreendedores e artistas do bairro já dão continuidade. "A idéia do projeto é justamente essa: transformar criatividade em negócio. Criar uma identidade onde o público consiga enxergar que, além de mais uma artista, há, ali, uma comunidade que produz algo diferente, que chama a atenção de todos”, revela.
O local escolhido para reunir a criatividade do Pontal é a praça São João Batista. “Pelos nossos cálculos, mais de 500 pessoas, da cidade e de fora, nos visitaram”, assegura José Rezende Mendonça, do Movimento Pontalense de Cidadania, entidade que, junto ao Sebrae, idealizou o projeto. A reocupação deste espaço é, inclusive, um dos grandes desafios da Feira Criativa. “Apresentar um trabalho de qualidade é o começo de um processo que visa levar de volta à praça o cidadão que hoje está desacreditado da potencialidade do nosso bairro. Esta é nossa principal meta. Se isto acontecer o negócio criativo, deslancha”, destaca Rezende, que considera a parceria com o Sebrae, fundamental para isso.
Para ver o Pontal reconhecido como Bairro Criativo, a comunidade também trabalha pela revitalização da área que abrigava o antigo Clube Social do Pontal (CSP) e a reforma completa da Praça São João Batista, uma das mais importantes e tradicionais da cidade. Esta última intervenção está sob a responsabilidade do Grupo Cidadelle, que aderiu ao programa “Adote uma Praça”, instituído pela atual administração. Baseado no desejo da comunidade, a recuperação da praça obedecerá ao projeto da arquiteta Simone Flores, que possui um escritório no bairro e aceitou a formatação de uma parceria, doando a planta arquitetônica. A missão é apostar no talento, na criatividade e na parceria para transformar sonhos individuais de uma comunidade em conquistas coletivas.






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