segunda-feira, 31 de março de 2014

O planejamento familiar

Luís Eugênio Sanábio e Souza (Escritor) - Mãe, mestra e perita em humanidade, a Igreja Católica considera que por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos. Devem, porém, verificar se tal desejo não procede do egoísmo, e se está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável. A Igreja também considera que um justo planejamento familiar não deve ser ilimitado e radical a ponto de tornar impossível a procriação. Deve-se sempre respeitar o aspecto procriativo do casamento. Não é justo resolver a questão do planejamento familiar a partir de uma mentalidade meramente utilitarista, pragmatista e nem hedonista. A fecundidade do amor conjugal é uma dimensão profunda e natural da vida matrimonial. O filho não vem de fora acrescentar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio âmago dessa doação mútua, da qual é fruto e realização. Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus (Gênesis 1,28). O amor conjugal tende naturalmente a ser fecundo e essa fecundidade deve ser acolhida como um dom benéfico para a vida do casal e não como um peso a ser descartado a partir de uma mentalidade contraceptiva que nasce do egoísmo ou do medo. O dom da fecundidade é um dom de Deus. Assim, “usufruir do dom do amor conjugal, respeitando as leis do processo generativo, significa reconhecer-se não árbritos das fontes da vida humana, mas tão somente administradores dos desígnios estabelecidos pelo Criador. De fato, assim como o homem não tem um domínio ilimitado sobre o próprio corpo em geral, também o não tem, com particular razão, sobre as suas faculdades geradoras enquanto tais, por motivo da sua ordenação intrínseca para suscitar a vida, da qual Deus é princípio” (Papa Paulo VI). Estando ao lado da vida, a Igreja reprova, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção direta do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido diretamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas. É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher. É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação. A Igreja aprova a continência periódica, os métodos de regulação da natalidade baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos. Estes métodos respeitam o corpo dos esposos, favorecendo o equilíbrio físico e psicológico do casal. Por outro lado, se no campo sexual considerarmos voluntariamente a esposa ou o esposo como simples objeto de prazer egoísta, então a sexualidade torna-se-á uma coisa qualquer, uma aventura qualquer.
“Estejam todos certos de que a vida humana e a missão de transmiti-la não se limitam a este mundo, nem podem ser medidas ou compreendidas unicamente em função dele, mas que estão sempre relacionadas com o eterno destino do homem” (Concílio Vaticano II: GS 51,3).

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