sexta-feira, 28 de março de 2014

Guiomar Brandão Nery completa 100 de idade

Dona Guiomar Brandão Nery, a moradora mais antiga da Av. Princesa Isabel, em Ilhéus, vai completar um século de vida nesta sexta-feira. Na oportunidade, o padre Alvino Cristo celebrará uma missa em ação de graças na Capelania São Paulo Apóstolo, às 18 horas, com a presença de amigos e familiares.
Filha de Leonel Marques Brandão e Cristália Matos Brandão, ela nasceu na sede do distrito de Sambaituba e cresceu no meio de dez irmãos. Cursou até o antigo 5º ano Primário, e, a partir daí, virou professora, porque foi convidada a lecionar as primeiras letras às crianças que iam chegando à escola.
Casada com Manoel Castro Nery, a 31 de janeiro de 1937, na cidade de Itabuna, teve quatro filhos: Jorge Adilson (falecido em 1993), Joilson “Pupu”, Gilson e Wilma. Ela revela que sua maior emoção aconteceu quando do nascimento do primeiro filho, Jorge Adilson (falecido em 1993). 
Em Sambaituba, as festas aconteciam quase o ano inteiro e em uma dessas festas conheceu o seu futuro esposo, senhor Manoel Castro Nery “que era conhecido como Nezinho”. Por conta do casamento, Guiomar passou a residir na Ponta da Pedra, área do início da Av. Princesa Isabel. 
A Casa Guiomar, fundada por seu marido, em sua homenagem, foi o primeiro ponto comercial do bairro. Também foi Guiomar quem incentivou seu esposo a fundar a Voz da Ponta da Pedra, investimento realizado para alavancar as vendas dos produtos comercializados por Nezinho na Casa Guiomar. O serviço de alto-falantes fazia a comunicação na comunidade, formada basicamente de estivadores, ferroviários e doqueiros que se instalaram nessa localidade.
Através da Voz, eram veiculadas informações úteis, dedicatórias de apaixonados e notas de falecimento. A visibilidade também se fazia através da Festa do Caranguejo, com brincadeiras de quebra-pote, pau de sebo, corrida de saco e corrida de ovo na colher, e do bumba meu boi, realizados no mês de janeiro, além dos programas de calouros, que aconteciam aos domingos. 
Sobre a Velhice - Guiomar, que é acompanhada pelo geriatra Antonio Espírito Santo, diz que só foi perceber o seu envelhecimento no ano passado, quando esteve com o cardiologista Ademir Medeiros, fazendo uma avaliação do marca-passo instalado há quatro em Salvador. Após responder certinhas as perguntas “Que dia é hoje?” , “Quantos anos você tem?” e “Qual o seu nome?”, disse ter caído na real. “Nunca liguei para velhice, ela chegou e eu não vi. Não sei como é a vida. A gente nasce, faz tanta coisa e depois aquilo se acaba e a gente nem vê. Eu fui uma dessas pessoas, que não viu a velhice chegar.” 
Embora não costure como antes, ainda faz uma bainha de vestido ou de calça e conserva o hobby de fazer palavras cruzadas. No seu cenário de recordações está Doutor Lopes, que dá nome à principal avenida de Ilhéus. Ela conta que ele foi a Sambaituba, a convite de seu pai, num trole, para fazer atendimento médico à sua mãe quando adoeceu de febre tifo.
Fala também que ouviu música em gramofone e que o primeiro aparelho da vila onde nasceu foi adquirido por Ramiro Duarte. Com riqueza de detalhes, diz que viu os aviões pousarem na água, no heliporto que funcionava na curva antes de sua casa. Em sua opinião, hoje, ninguém quer ter trabalho com nada, quer achar tudo pronto. Tudo pronto e limpo. Quer que o governo dê tudo. Ninguém quer fazer mais nada.
Ela possui cinco netos: Luciano, Luana, Gilsemária, Fabiano e Gillsemar. Luciano lhe deu a primeira bisneta, hoje, com 18 anos, Lorrana, já aprovada no vestibular de Direito, da Faculdade de Ilhéus. Kauan, seu segundo bisneto, com sete anos, e João Victor com quatro aninhos.

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