quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Forbes divulga pesquisa considerando o Brasil não civilizado e controverso

Jornal do Brasil - A revista americana especializada em Negócios e Economia, Forbes, publica nesta terça-feira (11/2) a reportagem ''Brazil Is Not A Civilized Country' Says The Country's Most Controversial News Anchor' (Brasil não é um país civilizado, diz o ancora mais mais controverso do país), assinada pelo jornalista Anderson Antunes. O texto afirma que o Brasil é violento, tanto nas áreas urbanas quanto nas zonas rurais. A questão da violência tornou-se enraizada e representa um entrave no crescimento do país. Os dados fazem referência a um estudo do Centro de Política Hemisférica da Universidade de Miami, feito em 2013. "Como na maioria dos países da América Latina, as forças policiais e de segurança no Brasil são mal remuneradas e mal treinadas", aponta os coordenadores da pesquisa.
"Durante os protestos de 2013 ficou claro que as forças de segurança usaram ações desnecessárias para enfrentar as multidões, em sua maioria pacífica. Um desenvolvimento perturbador foi o aparecimento de jovens usando máscaras negras, que não têm medo de enfrentar a polícia, e enfrentam com força”, destaca o texto do estudo, de autoria do Professor Riordan Roett, cientista político, cujo foco é a América Latina.
Forbes: "A questão da violência tornou-se enraizada e representa um entrave no crescimento do país"
A Forbes destaca que a pesquisa avalia que, com a proximidade da Copa do Mundo de 2014, o descontentamento é generalizado no Brasil, mas não parece haver um consenso sobre o que deve ser feito primeiro e quem deve fazê-lo, já que os brasileiros lidam com duas opções: "aceitar cortes nos cronogramas generosos demais ou continuar com a infraestrutura terrível e serviços públicos", destaca a reportagem.
De acordo com as estatísticas oficiais, entre 2007 e 2013 mais de 33 mil pessoas foram assassinadas, cerca de 1.070 por consequência de assaltado. Cerca de 5.412 pessoas morreram em conflitos com a polícia, somente no Rio de Janeiro. No início deste mês, um grupo dos chamados "justiceiros" espancou e deixou nu um rapaz que teria tentado assaltar um pedestre no bairro do Flamengo, na Zona Sul carioca. A imagem do adolescente amarrado em um poste foi notícia em todo o mundo.
No Brasil, o caso se tornou ainda mais notório depois que a repórter Rachel Scheherazade, apresentadora do telejornal de maior audiência do SBT, a terceira maior rede do Brasil, fez alguns comentários. Em uma transmissão na semana passada, Sheherazade disse que a ação foi "compreensível" e aqueles que são a favor dos direitos humanos e sentiram pena do menino, deveriam "fazer um favor ao Brasil e adotar um ladrão". Ela foi bombardeada com críticas, mas elogiada por muitos. Sheherazade, cujo salário chega a 1 milhão de dólares no ano, emite opinião sobre os fatos cotidianos. Sobre o famoso carnaval do Brasil, ela declarou que é “a festa para os ricos, bêbados e para o mau uso das forças policiais”, e que o cantor Justin Bieber é "apenas um menino crescendo”. Até o ex-presidente Lula da Silva e o seu governo teriam sido alvo das críticas de Sheherazade.
A jornalista brasileira explicou o seu ponto de vista à Forbes. Sheherazade disse que o povo está "desarmado e sem vigilância" e justifica que a população não tem todos os meios para se defender. "Em situações extremas como esta, onde não há nenhuma ordem ou a presença do Estado, é compreensível que as pessoas tentem se proteger. A união contra o crime não é um crime, é autodefesa. O que eu não aprovo é a insanidade da Justiça pelas mãos dos justiceiros. Há uma grande diferença entre a autodefesa e defesa da justiça. Além disso, o Brasil não é um país civilizado. Ninguém acredita mais nisso. Basta ler as notícias e você vai descobrir o que o Brasil realmente é. Crianças queimadas em ônibus, presos sendo decapitados, turistas sendo estupradas em coletivos. E o que a imprensa mostra é apenas a ponta do iceberg. No que se trata de civilidade atingimos o fundo do poço", diz a brasileira.
Sheherazade disse também que falta espaço para o contraponto. "O problema é que qualquer um que diz algo diferente do que muita gente pensa, ou o que a maioria das pessoas são ensinadas a pensar, acaba sofrendo todo tipo de perseguição. Já existem ameaças para controlar os meios de comunicação com o único propósito de silenciar aqueles que promovem a liberdade de expressão”, afirma ela.

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