segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Taxa de analfabetismo sobe pela 1ª vez em 15 anos, diz IBGE

Jaci Maria dos Santos, doméstica, fotografada em agosto de 2011 numa sala de alfabetização para adultos no Embú das Artes, Sudeste do Brasil. A taxa de analfabetismo parou de cair pela 1ª vez em 15 anos (Foto: Filipe Redondo/ Editora Globo)
Pela primeira vez nos últimos 15 anos, a taxa de analfabetismo parou de cair no Brasil. Em 2012, 13,2 milhões de brasileiros (o equivalente a 8,7% da população), com 15 anos de idade ou mais, não sabiam ler e escrever um recado simples. Um ano antes, essa proporção era menor, de 8,6%, o equivalente a 12,9 milhões de pessoas. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2012 (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Nordeste foi a região que mais contribuiu para a elevação da taxa, com uma alta de 16,9% para 17,4%. Em 2012, 53,8% dos analfabetos brasileiros viviam no Nordeste. Na Região Centro-Oeste, o índice também aumentou, de6,3% para 6,7%. Houve queda da taxa de analfabetismo nas regiões Sul (4,9% para 4,4%) e Norte (10,2% para 10%). No Sudeste do país,a proporção de analfabetos ficou estagnada, em 4,8%. 
O analfabetismo funcional, que reúne as pessoas com até quatro anos de estudo, entre a população de 15 anos ou mais de idade, caiu de 20,4% para 18,3%. Entre os maiores de 25 anos, o percentual caiu de 15,1% para 11,9% de 2011 para 2012, o equivalente a um contingente de 3,4 milhões de pessoas. Os maiores índices de analfabetos funcionais estão no Norte e no Nordeste, mas o contingente diminuiu em todos os estados, com destaque para a região Norte que teve redução de 3,4 pontos percentuais.
A pesquisa mostra que a escolaridade aumentou no período estudado. Houve crescimento na proporção de brasileiros com nível fundamental incompleto ou equivalente de 31,5% para 33,5% no período. A proporção de pessoas com mais de 25 anos sem instrução e com menos de um ano de estudo caiu de 15,1% para 11,9%. Entre 2011 e 2012, a proporção de pessoas com nível superior completo aumentou de 11,4% para 12%. 
A taxa de escolarização das crianças e adolescentes de 6 a 14 anos de idade ficou estável em 98,2%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, houve aumento da taxa, que passou de 83,7% para 84,2%. A média nacional de pessoas de 18 a 24 anos escolarizadas ficou em 29,4%, sendo as regiões Norte e Centro-Oeste com as maiores concentrações.
A PNAD é realizada desde 1967 e traz informações sobre população, migração, educação, trabalho, rendimento e domicílios para Brasil, grandes regiões, estados e regiões metropolitanas. Confira abaixo outros resultados de temas abordados pela pesquisa.
Trabalho infantil
No ano passado, 3,5 milhões de crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 17 anos trabalhavam no país -- 156 mil a menos que em 2011. A maior parte, três milhões, estavam na faixa de 14 a 17 anos, idade em que o trabalho é permitido na condição de jovem aprendiz. Entre 10 e 13 anos, eram 473 mil pessoas ocupadas. Na faixa de 5 a 9 anos, 81 mil crianças trabalhavam em 2012. Nas três faixas, os homens são maioria. 
Os dados da Pnad mostram que 24,8% dos adolescentes de 15 a 17 anos trabalhavam no ano passado. Em 2002 eram 31,8%. Em 1992, essa proporção que chegou a 47%.
Concentração de renda
A concentração de renda entre os brasileiros diminuiu de 2011 para 2012. O índice de Gini do rendimento do trabalho, que mede o grau de concentração de renda, cujo valor varia de zero (perfeita igualdade) a um (a desigualdade máxima), manteve a tendência de queda observada em anos anteriores e passou de 0,501 em 2011, para 0,498 em 2012.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, de 2006 a 2011, o país experimentou uma queda na desigualdade econômica entre os brasileiros, marcada principalmente pelo aumento da renda da população mais pobre. A partir de 2012, essa tendência começou a mudar. A queda na taxa de desigualdade está se estagnando porque os rendimentos da população mais rica estão crescendo em ritmo mais rápido que os da mais pobre. “Diferentemente do que aconteceu em anos anteriores, em que o Gini caía porque aumentava muito o rendimento nas classes de rendimento mais baixo, dessa vez registramos aumento também no topo, das pessoas que têm rendimento mais alto. O aumento no rendimento superior fez com que o Gini não variasse tanto”, diz Maria Lúcia Vieira.
Rendimento médio dos brasileiros
Em 2012, o rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro chegou a R$ 1.507, -- ganho real de 5,8% em relação aos R$ 1.425 registrados em 2011 (reajustados pela inflação).
Entre as regiões brasileiras, o Centro-Oeste apresentou aumento de 4,8% em relação a 2011 e registrou a maior média de rendimentos de trabalho (R$ 1.803). Os rendimentos do Sudeste subiram 6% e alcançaram R$ 1.707. O Sul do país registrou a mesma taxa de crescimento nacional (5,8%) e o rendimento médio chegou a R$ 1.639 na região. O Norte apresentou a menor variação de rendimentos médios entre 2011 e 2012, com média salarial de R$ 1.192. Apesar de ter sido a região com maior aumento no período (8,1%), o Nordeste manteve-se com os piores rendimentos (R$ 1.044).
Entre as categorias de emprego, foram observados importantes ganhos no trabalho doméstico com carteira assinada (10,8%) e sem carteira (8,4%). Apesar disso, ambos continuam recebendo os piores rendimentos: R$ 811 (para os com carteira) e R$ 491 (para os sem carteira). Os militares e estatutários tiveram os menores ganhos (0,9%) entre 2011 e 2012, mas continuam recebendo os maiores rendimentos médios (R$ 2.439).
Diferença salarial entre homens e mulheres
Os ganhos de rendimentos do trabalho das mulheres foram menores do que os obtidos pelos homens entre 2011 e 2012. No período, o rendimento delas cresceu em média 5,1%, contra um aumento de 6,3% observados nos salários dos homens. O rendimento médio do trabalho das mulheres chegou a R$ 1.238 em 2012 – o equivalente a 72,9% dos R$ 1.698 recebidos pelos trabalhadores masculinos. Em 2011, esse relação correspondia a 73,7%. Para os pesquisadores envolvidos no levantamento, esse aumento da diferença entre rendimentos recebidos por homens e mulheres está relacionado com as áreas de atuação dos trabalhadores. “O trabalho doméstico, por exemplo, tem normalmente rendimentos menores e é feito, em 98% dos casos, por mulheres. Já em algumas ocupações e cargos de chefia, os homens são maioria”, diz a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

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