quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Concílio Vaticano II : sob o signo da alegria e da esperança

Dom Mauro Montagnoli - Bispo diocesano de Ilhéus - Neste mês de outubro de 2012, exatamente no dia 11, se completam 50 anos da inauguração oficial do Concílio Vaticano II, acontecida a 11 de outubro de 1962. 
No dia 25 de janeiro de 1959 o papa João XXIII surpreendeu o mundo com o anúncio do Concílio e desencadeou todo o processo conciliar. 
A convocação se deu no dia 25 de dezembro de 1961. Com o documento “Humanae Salutis”, o papa João XXIII, no natal de 1961, convocava o Concílio, e estabelecia o ano de 1962 como o ano da abertura oficial do Concílio. Não demorou muito para o papa escolher uma data bonita e simbólica: o dia 11 de outubro, em que lembrava a conclusão do Concílio de Éfeso, acontecido no ano 451. 
Como os peregrinos sentiam alegria ao ver Jerusalém às portas, depois de longa caminhada, assim foi naquele dia tão esperado, em que finalmente começaria o Concílio proposto pelo papa João XXIII. 
No Ano da Fé, convocado pelo papa Bento XVI, somos convidados a descobrir quais foram os motivos de tanta alegria. E ver se conseguimos também hoje, depois de 50 anos, reencontrar caminhos de esperança, para a Igreja e para a humanidade. 
Na abertura do Concílio, ficou famoso o discurso do papa João XXIII. Ele transmitiu a certeza de que o Concílio era fruto de inspiração divina, e que tinha chegado a hora da Igreja se renovar, se aproximar do mundo de hoje, e se colocar a serviço da humanidade, com a qual queria assumir solidariamente suas grandes causas, e a ela oferecer a luz do Evangelho. 
Ele começou seu discurso com a bonita expressão: “Gaudet Mater Ecclesia”, “Alegra-se a Mãe Igreja”. Foram as primeiras palavras do Concílio. 
Quatro anos depois, terminava o Concílio com as mesmas palavras de alegria e de esperança. O último documento aprovado do Concílio foi a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. Ele começa com as palavras: “Gaudium et Spes”, “As alegrias e as esperanças”. 
É significativa esta constatação. Entre o início e o fim do Concílio, há uma coincidência especial. No começo, a alegria da Igreja que via chegar o dia tão esperado. No final, esta mesma alegria, alargada para toda a humanidade. 
“Gaudet Mater Ecclesia”, e “Gaudium et Spes”. Alegria no começo, alegria no final. Entre as duas manifestações, se realizou o Concílio. Ele foi feito sob o signo da alegria e da esperança. 
O preâmbulo do documento sobre a Igreja no mundo de hoje, pode ser considerado o texto que melhor expressa o espírito e os propósitos do Concílio. De todos os documentos aprovados, a Gaudet et Spes foi o único que não estava previsto nos esquemas preparatórios. Ele surgiu ao longo das discussões conciliares. Pode ser considerado como “filho legítimo” do Vaticano II. 
Assim começa a Gaudium et Spes: "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo...” 
Mas permanece o desafio: como reencontrar motivos de alegria e de esperança, mesmo em meio aos novos problemas que a realidade hoje nos apresenta. 
O exemplo do Concílio permanece válido. Ele começou e terminou sob o signo da alegria e da esperança! 
A Igreja cadencia sua história com a seqüência dos seus concílios. Nós podemos medir nossa comunhão com ela pelo apreço que demonstramos por seus Concílios! 

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