segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SC pede que Conab garanta o abastecimento de grãos no país

Alta nos preços de milho e soja, responsáveis por 70% da ração das aves, ameaça provocar a quebra de agroindústrias no Estado  O secretário estadual da Agricultura, João Rodrigues, se reúne hoje, dia 20, às 14h, com representantes da Companhia Brasileira de Abastecimento (CONAB) e do Ministério da Agricultura, para pedir que o governo federal crie mecanismos para garantir o abastecimento de GRÃOS no país. Com a alta dos preços de milho e soja, as agroindústrias catarinenses, que produzem carne de frango, estão com dificuldades de comprar os GRÃOS, responsáveis por 70% da ração alimentar das aves. 
As entidades representativas do setor, Federação da Agricultura de SC (Faesc), Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Organização das Cooperativas de SC (Ocesc) e Sindicato das Indústrias de Carne (Sindicarne), ainda não se reuniram para avaliarem juntas o problema, que não é novo e vem se agravando desde a última seca que assolou o Estado, iniciada em novembro do ano passado. Uma reunião deve ocorrer entre hoje e amanhã, mas ainda não se sabe nem onde será, se em Florianópolis ou Chapecó.
Para João Rodrigues, o governo federal deveria sobretaxar a exportação de GRÃOS para evitar que o milho e a soja, necessários para a cadeia produtiva das carnes, acabe sendo vendidos para produtores dos EUA.
- Mais de 50% da próxima safra brasileira, que ainda está sendo plantada, já foi vendida para os EUA. Não há controle. Queremos que a CONAB garanta o abastecimento em SC, afinal nosso Estado produz carne - diz.
Levantamento da própria CONAB aponta que a exportação do milho brasileiro deve ser de 15 milhões de toneladas em 2012, 3 milhões a mais do que costuma exportar por ano.
O milho comprado do Centro-Oeste do país chega em SC entre R$ 31 e R$ 34 a saca de 60 quilos. O Estado, eventualmente, compra também do Paraguai, com preço acima de R$ 35. Quanto mais longe for a origem do milho, mais as agroindústrias pagam no frete, explica Marcos Zordan, presidente da Ocesc.
- Quando compramos do Paraná, que é grande produtor, o frete representa um custo de R$ 2 a R$ 3, mas quando vem do Centro-Oeste, é de até R$ 10. Não está mais valendo a pena produzir aves. Não há margem de lucro. Como a produção é vertical, as agroindústrias absorvem todo o aumento de custo. Já temos quatro ou cinco empresas pequenas com dificuldades. Acho que, se continuar assim, elas e outras mais vão fechar as portas - alerta.
A pressão dos preços dos GRÃOS começa a chegar ao consumidor. A Brasil Foods (BRF) anunciou que aumentará entre 5% e 10% os preços das carnes de frango e suína ainda neste trimestre. A Marfrig também deve aumentar seus preços. Zordan concorda que o preço do frango pode subir entre 5% e 10%. Mas ressalta que as agroindústrias ainda estão com dificuldade de repassar o aumento porque o preço do boi também baixou.
- A carne bovina é balizador do preço de suínos e aves. E o boi confinado já foi solto no pasto porque a ração está cara. Se reproduzem mais e com alta oferta, mais o preço cai. A arroba estava em R$ 105 e já está em R$ 90, R$ 89 - explica. 
Zordan lembra, ainda, que a lei do motorista de carga vai aumentar o custo de produção em mais 30% para as agroindústrias, que precisam transportar tanto GRÃOS, quanto produto pronto para entrega.
Avicultor solta os frangos por falta de ração 
Os cerca de 250 integrados da Diplomata na região Oeste, ligados à unidade de Xaxim, que abate 220 mil aves por dia, estão convivendo nos últimos meses com constantes atrasos no pagamento e na entrega de ração.
Um destes integrados, Érico Gustavo Didong, de Chapecó, resolveu abrir as portas do aviário e soltar os frangos para que estes buscassem algo para matar a fome.
- Eles comem até pedrinhas - informou.
Ele está fazendo isso há cerca de três semanas, quase que diariamente. No sábado ele recebeu 5 mil quilos de ração. Desde quarta-feira os frangos não se alimentavam. Como o volume era suficiente para apenas um dia e meio, ele serviu os animais apenas pela manhã. Mesmo assim a ração termina na manhã de hoje.
Os frangos, que deveriam esta pesando cerca de 3,5 quilos, pois já estão com 58 dias, pesam em torno de 2,5 quilos.
Além disso o agricultor recebeu o último pagamento há cerca de sete meses. Os dois últimos lotes de 14 mil frangos, estão pendentes.
- Tenho cerca de R$ 7 mil para receber - calcula.
E agora deve entregar o terceiro lote. Para se manter, o agricultor conta com uma aposentadoria.
Na semana passada, alguns funcionários chegaram a paralisar parcialmente a unidade de Xaxim, por atraso no pagamento, que depois foi normalizado.
A assessoria de imprensa da Diplomata confirmou que a empresa está com dificuldades financeiras e até encaminhou ao Fórum de Cascavel um pedido de Recuperação Judicial, para renegociar com os credores.

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