terça-feira, 17 de julho de 2012

Fogo, susto e prejuízo no prédio do antigo Instituto de Cacau

Fachada corre risco de desabar
O incêndio que destruiu mais de 50% do terceiro pavimento do Instituto do Cacau, no bairro do Comércio, ontem, ainda terá a causa investigada pela Polícia Técnica.
A Defesa Civil de Salvador (Codesal) deve realizar inspeção no prédio, hoje, para avaliar os riscos de desabamento do imóvel, construído em 1931. De acordo com o coronel Andson Marchesini, que coordenou os trabalhos do Corpo de Bombeiros, a fachada do edifício apresenta rachaduras e ameaça cair a qualquer momento.
O engenheiro Gilberto Campos esteve no local, mas não pode adentrar o imóvel devido à temperatura ainda muito elevada. “Assim que o prédio for resfriado, nós entraremos para fazer a avaliação da estabilidade”, diz.
Parte do concreto e alguns pedaços de vidros chegaram a cair do alto do prédio, mas, segundo o coronel, o incêndio atingiu apenas o terceiro andar, sem se alastrar para outros pavimentos. “As chamas só atingiram o terceiro andar onde iria funcionar a Defensoria Pública”, explicou o coronel.

A primeira equipe que chegou ao local, pouco depois das 10h30, encontrou dificuldades em identificar os hidrantes internos do prédio e precisou iniciar a evacuação em todos os andares. As Avenidas da França e Estados Unidos tiveram que ser interditadas para que os bombeiros pudessem apagar as chamas e evitar novos incidentes.
O local estava em reforma para instalação da nova unidade da DP. “Havia muitas cadeiras, mesas, computadores, infelizmente, tudo foi destruído pelo fogo”, contou, destacando que três viaturas do Corpo de Bombeiros foram enviadas para o local.
Pessoas que trabalham no prédio contaram que o fogo foi causado por um curto-circuito no setor que presta serviços à Diretoria Regional de Educação e Cultura (Direc) na área de manutenção do elevador e instalações elétricas, mas, as informações ainda estão sendo investigadas.
Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas, porém, um técnico em manutenções, precisou ser resgatado pelo teto do prédio, por um helicóptero do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer). Pela manhã, o governador do Estado Jaques Wagner sobrevoou o prédio em chamas para verificar  as proporções do incêndio.
O governador estava acompanhado do chefe da Casa Militar, o coronel Rivaldo dos Santos. Às 13 horas o incêndio estava controlado e os bombeiros iniciaram o trabalho de rescaldo.
Em nota, a Secretaria da Administração (Saeb) informou que está suspenso o atendimento no SAC Comércio devido ao incêndio. De acordo com a Saeb, os serviços só serão retomados com a prévia autorização dos órgãos competentes. Entre os serviços suspensos está o atendimento do posto do Procon-Ba.
Os consumidores que precisarem registrar alguma reclamação, poderão se dirigir ao Procon Central, localizado na Av. Carlos Gomes, N° 746 – Centro, ou em qualquer outra unidade de atendimento do órgão - Sac’s dos Shoppings Salvador e Barra, além dos Sac’s de Periperi, Liberdade e Cajazeiras. No local funcionava ainda um restaurante popular, que fornecia 4 mil refeições por dia.
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) também suspendeu o fornecimento das refeições do Restaurante Popular, que funciona no térreo do prédio e informou que o órgão vai avisar sobre o retorno do atendimento.
HISTÓRIA
O Instituto de Cacau da Bahia foi criado para fazer frente à crise da lavoura cacaueira desencadeada pela quebra da Bolsa de Nova York em 1929.
O seu principal objetivo era disciplinar a comercialização de cacau e fomentar a produção, porém, mais que isso, o imponente prédio de arquitetura moderna é também símbolo de grandeza em torno do comércio do cacau e, na época, tinha o objetivo de exaltar a Bahia responsável por 96% da produção nacional.
O projeto é do arquiteto alemão Alexander Buddeus em parceria com Anton Floderer e foi inaugurado em 21 de novembro de 1936.
Deveria abrigar um armazém para as sacas de cacau a serem exportadas pelo Instituto e os escritórios da administração, contando também com uma sala de reuniões para os associados e um pequeno museu, no saguão principal, dedicado a informar aos visitantes sobre a maneira como o cacau era produzido.  
O prédio é dono de uma arquitetura de vanguarda e emprego ostensivo das tecnologias mais avançadas da época. Foi concebido não como um simples armazém, mas como uma máquina de armazenar, onde o transporte das sacas de cacau era inteiramente mecanizado.
A opção pela arquitetura moderna constituía naquele momento um passo ousado, especialmente por se tratar de um edifício de grandes proporções, cuja construção foi empreendida diretamente pelo Estado

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