segunda-feira, 16 de abril de 2012

Bahia de Jorge e outros amados mundos

 Acontece, de 20 de abril a 20 de junho, no BATACLAN ILHÉUS, a Mostra “BAHIA DE JORGE E OUTROS AMADOS MUNDOS”, da artista plástica Jane Hilda Badaró Mourão. A abertura será às 18:30 horas do dia 20 de abril, com música ao vivo do violeiro Paulo Mourão e convidados. Uma ótima programação artística oferecida aos ilheenses, num final de tarde de sexta-feira, véspera de feriado. O Bataclan Ilhéus foi descrito nos livros de Jorge Amado, outrora freqüentado por coronéis do cacau em busca da faceirice e sensualidade das mulheres estrangeiras de vida fácil. Daquela época apenas a beleza da arquitetura antiga, recentemente reformada, se mantém. O Bataclan é hoje um respeitado e elegante espaço cultural, onde transitam intelectuais, artistas, empresários, estudantes, profissionais das mais diversas áreas, enfim, sendo ainda um dos pontos turísticos mais importantes e disputados da cidade.

A mostra apresenta os primeiros trabalhos realizados pela artista da série “homenagem a Jorge Amado”, visto que ela pretende continuar produzindo novas pinturas sobre a obra amadiana até agosto, mês de aniversário do escritor, que em 2012 estaria completando 100 anos.
Jane Hilda conta que “a inspiração para iniciar esta série de veio na força das comemorações de centenário do escritor, pois, com isso, Ilhéus tem respirado intensamente os ares amadianos: anuncia-se a reforma da casa Jorge Amado, nesta cidade, casa onde ele escreveu seu primeiro livro: O País do Carnaval, em 1931. A Bahia também se movimenta por seus gestores culturais: peças teatrais, filmes, enfim. A Globo reedita a novela "Gabriela Cravo e Canela" com participação de atores regionais, e tomadas feitas nestas plagas! Terra linda esta Ilhéus ! Dentre outras tantas homenagens nacionais e internacionais! E então, neste contexto,também resolvi prestar minha singela homenagem.”
E prossegue: “Jorge Amado é escritor de muitas obras, grandes obras! Seus livros são traduzidos para mais de 55 países, em 49 idiomas; inúmeras adaptações para o cinema. É o maior divulgador da cultura e tradição, do povo grapiúna. Relata aspectos da cultura cacaueira, brigas das famílias pela posse das terras onde se plantariam os frutos de ouro, fala dos orixás - defende a religiosidade afro-brasileira numa luta declarada contra o preconceito. E o Amado Jorge trás o mar, a praia, as canoas, os pescadores, os coqueirais. As mulheres sensuais, as meretrizes, a imigração "turca", enfim,um vasto mundo! Jorge Amado mostra o lixo e o luxo de seu povo, com o encanto de quem é um grande e inspirado artífice das letras.”
Para compor seus trabalhos, Jane Hilda está lendo ( ou relendo) alguns livros de Jorge Amado. Para ela, “trata-se de uma leitura que envolve e nos leva num mundo muito próprio, cheio de baianidade, onde personagens da vida real são transmutados em personagens da ficção...e tudo se mistura magicamente. Ele é fantástico! Também estive vendo as ilustrações dos livros de Jorge, e fac-símilis das capas das edições nacionais e internacionais. Há um número bastante significativo de obras de arte feitas por grandes artistas , que retratam a obra do festejado escritor: Caribé, Di Cavalcanti, dentre tantos outros. É interessante perceber que, em sua narrativa, Amado vai formando lindas imagens que se abrem na mente do leitor, e, assim, estas imagens se tornam ricos materiais de trabalho para as artes visuais”.
Sobre a artista
Jane Hilda (50), iniciou sua atividade artística em 2011. Sobre isso ela ralata: “Cheguei, ano passado, aos 49 anos de idade, com muita vontade de pintar. Por duas vezes, em 1981 e em 2000/2001 fiz alguns trabalhos, mas não dei continuidade. Me envolvi com outras atividades, editoração de revista juntamente com minha família: a ILHÉUS REVISTA, estudo do Direito, Advocacia, aulas de Direito, mestrado, coordenação do Colegiado do Curso de Direito da UESC, etc. Mas havia dentro de mim um grito que não podia calar mesmo: o de pegar telas, pincéis e tintas e dar início a atividade artística. E, então, somente com meio século de vida venho me conhecendo e reconhecendo como artista plástica”
Auto-didata, a artista, sobre isso, comenta: “ É interessante! vou sozinha descobrindo minhas possibilidades. Faço uma arte em "estado bruto", apenas expresso os sentimentos da forma possível prá mim. Tenho características da Art Naif . Num primeiro momento segui uma linha espiritualista. Agora inicio esta fase amadiana. São os movimentos da vida, os focos de interesse vão se alternando. De qualquer sorte, minhas telas são expressão do meu espírito. Não fiz escola de arte. Meu trabalho é resultado de intuição, experimentação, e fé! Por outro lado, jamais passei perto de uma exposição, de uma obra de arte, de um livro dos grandes pintores, sem olhar atentamente para tudo. Visita em Museus, em Paris, o D’Orsey dos impressionistas, a visita ao Louvre é uma grande aula, assim como também os momentos de apreciar os pintores na beira do Rio Sena...tudo está gravado em mim...é uma bagagem de observação e finos sentimentos:isso é tudo!”, diz.
Desde quando fez a tela "Quando Gira o Sol"-, em junho de 2011, a partir dali, até abril 2012, fez aproximadamente 65 telas. Em setembro do ano passado aconteceu sua primeira exposição individual na Galeria do Teatro Municipal de Ilhéus. Em outubro uma mostra na Casa dos Artistas de Ilhéus; e outra mostra no Museu da Piedade, que ficou desde outubro e somente neste mês de abril findará. E, numa reedição, a exposição "Jardim das Flores" ficou na Galeria do Teatro Municipal de Ilhéus, sendo bastante visitada durante toda a alta temporada, de janeiro a março de 2012. Agora, a partir de 20 de abril, inaugura esta Mostra com novos trabalhos, nova temática, no Bataclan Ilhéus. Tem recebido convites para expor em diferentes lugares, no Brasil e em outros países. Por enquanto, exponho em Ilhéus. Ainda estou me instrumentalizando, cuidando da logística para depois seguir viagem. Na vida funciona assim: tudo acontece dentro do tempo certo. E esse bom tempo vem chegar, com fé em Deus!”

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