quarta-feira, 21 de março de 2012

“É por graça que vós sois salvos” (Ef 2,5)

Dom Mauro Montagnoli Bispo diocesano de Ilheús Tantas vezes se concebe a Quaresma como um tempo “pessimista”, negativo, preocupado tão somente com o pecado, com a conversão e a penitência. É precisamente o contrário: é o tempo no qual tomamaos consciência de estamos salvos, não por nossos méritos, mas porque Deus nos amou primeiro. Viver a Quaresma é aceitar a conversão a esse amor de Jesus que chegou até a dar a vida por nós.
 A Biblia nos apresenta o anúncio da paixão e da entrega de Jesus como prova do seu amor à humanidade: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

Estamos bem próximos da festa da Páscoa e com alegria aguardamos o dia da nossa libertação. Com Isaías dizemos: “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com abundância de suas consolações” (Is 66,10-11).
Vivendo num mundo dividido entre trevas e luz, morte e vida, pecado e comunhão, tristezas e alegrias, estamos certos de que, pela força da páscoa de Cristo, cuja memória celebramos na Santa Missa, podemos fazer a passagem da morte para a vida.
É necessário, contudo, fazer uma opção clara e decidida por Jesus. Iluminados por ele e sustentados por seu espírito, esta opção nos torna capazes de cativar os que andam nas trevas e de desmascarar os projetos que nos mantêm nas sombras da noite da injustiça e da pobreza.
Somos sustentados por uma confiança extrema: Jesus erguido numa cruz atrai e salva a todos (cf. Jo 3, 14-15). Ele é a prova do quanto Deus amou o mundo. Nossos olhos contemplam o testemunho vivo do seu amor pela humanidade. Somos agraciados por conhecer esse mistério e participar desse dom: “Deus é rico em misericórdia.., é por graça que vós sois salvos! Deus nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar nos céus, em virtude de nossa união com Jesus Cristo...” (Ef 2,4-6).
No espírito da CF 2012, podemos nos alegrar com a presença da Igreja Católica Apostólica Romana em prol da saúde: “Em sua história, a Igreja gestou inúmeros homens e mulheres de fé, que depuseram sua esperança em Deus e, empenhando-se como Maria, serviram aos irmãos necessitados. São santos e santas da caridade. Alguns, incontestavelmente, despenderam a própria vida no meio dos doentes e sofredores, como Camilo de Lellis e João de Deus. A Igreja no Brasil também pode louvar a Deus pela vida de Santa Paulina, Beata Irmã Dulce dos Pobres e São Frei Galvão, cujas vidas foram integralmente dedicadas aos doentes, pobres e sofredores. No seio da Igreja, a manifestação do amor do Pai em Cristo, em sua oferta na cruz, liberta e inspira os discípulos missionários na aceitação do sofrimento como participação no sacrificio redentor. Este fato tem suscitado, em meio aos dramas da vida, ações de graças naqueles que aprenderam a confiar na obra redentora de Deus. Assim, a Igreja pode lançar, a partir de grandes testemunhos, uma luz sobre a doença e o sofrimento, tão oportuna no contexto de uma sociedade que tem muitas dificuldades em aceitar e viver esta realidade. Neste sentido, atentemos para o que disse o Papa Bento XVI: ‘a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre’” (Texto Base, CF 2012, nn. 223-225).
É necessário que a sociedade participe na formulação, implantação e controle das políticas públicas. O Conselho de Saúde é o espaço privilegiado para se alcançar esse objetivo. Esse Conselho precisa receber o apoio da população para poder exercer sua função de fiscalizador da situação da saúde pública denunciando o que está deficitário no atendimento ao público em especial os pobres.
O Conselho de Saúde Muncipal de Ilhéus tem a grave responsabilidade de representar a sociedade junto ao poder público municipalexigindo que este cumpra o que está estabelecido em lei e garanta os recursos necessários para o bom atendimento salutar da população mais pobre.
“Ah! Não é justo, meu Senhor, ver o teu povo em sofrimento e privação quando há riqueza! Com tua força, nós veremos mundo novo, com mais justiça, mais saúde, mais beleza!
Ah! Na saúde, já é quase escuridão... Fica conosco nessa noite, meu Senhor, Tu que enxergaste, do teu povo, a aflição e que desceste pra curar a sua dor.
Ah! Que alegria ver quem cuida dessa gente com a compaixão daquele bom samaritano... Que se converta esse trabalho na semente de um tratamento para todos mais humano!
Ah! Meu Senhor, a dor do irmão é a tua cruz! Sê nossa força, nossa luz e salvação! Queremos ser aquele toque, meu Jesus, que traz saúde pro doente, nosso irmão!” (Hino da CF 2012)

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