sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Alta de alimentos pode fazer governo dar mais crédito e usar estoque

O governo está acompanhando com lupa a pressão da alta dos alimentos sobre a inflação, principalmente daqueles que compõem a cesta básica, como açúcar, carnes, trigo (pão) e feijão. Além das elevadas cotações desses produtos em decorrência da entressafra de GRÃOS, os técnicos da área econômica assistem à alta do dólar, o que poderá representar encarecimento dos custos aos produtores.

E no arsenal para conter os preços dos alimentos, o governo conta com a concessão de novos incentivos fiscais para aumentar a oferta de produtos, a expansão de recursos para ofinanciamento da próxima safra, os estoques reguladores da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) e a própria crise financeira internacional, que teria o efeito de baixar a inflação, com a redução das importações de alimentos pelos países ricos, são fatores inibidores dos índices de preços.
Para o professor da USP Geraldo Barros, a alta nos preços dos alimentos também é sustentada pela demanda externa, ligada à excessiva liquidez mundial e ao crescimento de economias grandes, como China e Índia. Por outro lado, há o fator clima, o que deixa incerto o abastecimento de verduras, legumes e frutas. "É provável que a demanda continue firme, pressionando o preço dos alimentos", disse. "O governo já agiu reduzindo a taxa de juros e acena para novas reduções, contribuindo assim para a sustentação da demanda", afirmou.
Além da redução da taxa de juros pelo BC, que contribui para manter a demanda aquecida, aumentos salariais nas negociações deste semestre e o reajuste do salário mínimo preestabelecido para 2011 são outros fatores de pressão, diz Barros. Ele destaca também que, do lado externo, carnes, GRÃOS e açúcar poderão continuar com preços elevados porque a tendência é que o consumo continue alto. "Tanto EUA como Europa, por não terem recursos fiscais, vão ter de continuar bombeando liquidez na economia mundial dando sustentação aos preços altos das commodities", afirmou, destacando a tendência de alta do dólar no mercado interno.
Diante desses instrumentos, mesmo com a alta da inflação. o governo continua avaliando que a inflação começará a cair ainda este semestre, convicção que levou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, a projetar uma queda de dois pontos percentuais no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até abril de 2012, no acumulado em 12 meses.
Embora tenha um aspecto sazonal, o aumento nos preços também está ligado diretamente à conjuntura internacional (alta nas commodities) e doméstica. O crescimento da renda aqui e lá fora tem como consequência a expansão das compras de alimentos.

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